sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Quando você está longe, a mim só resta lembrar.


Que eu não devia ter deixado você entrar na minha vida eu já estou cansada de saber. Tanto sofrimento, mentiras e lágrimas depois deixaram isso mais do que comprovado. Mas que eu não deveria também deixar entrar na minha casa?! Isso eu não fazia idéia.
Todos nós temos um cantinho, um lugar para fugir de tudo e de todos de vez em quando. Não falo daquela praia maravilhosa ou daquele hotel 5 estrelas que você viaja para relaxar até seu último pensamento estressado. Eu falo do seu refúgio diário, que você corre ao final do dia quando não quer ver ninguém: o lar doce lar.
A minha casa sempre foi um bom canto, com as minhas coisas bagunçadas cada uma em seu lugar, com o meu cheiro, o meu jeito e a minha personalidade. Até você chegar.
Agora é seu cheiro que eu sinto no meu travesseiro, é de você apoiado na sacada que me lembro quando olho a vista, é seu jeito jogado que me volta à memória quando deito no sofá.
Odeio que o meu lugar esteja cheio de você, odeio que a minha memória e minha casa estejam impregnadas de sua presença. Odeio como você caminhou por todos os cômodos e não deixou nenhum escapar de sua presença cheia de luz e vida que me faz perder o ar cada vez que lembro. Odeio como me jogar na cama não tem mais a mesma preguiça e assistir televisão não tem mais a mesma falta de objetivo. Agora tudo tem uma falta absurda de você, ao mesmo tempo sua presença transborda tanto aqui que não me deixa descansar.
Odeio ter deixado você entrar no meu coração e mais ainda odeio ter deixado você invadir minha casa dessa maneira, pois desde então até os porta-retratos, os quadrinhos velhos, os CDs empoeirados e a orquídea murcha da sala sentem falta do seu sorriso bobo.
Eu nunca deveria ter deixado você entrar na minha casa, muito menos na minha vida. Mas essa vontade de te ouvir batendo na porta outra vez, não sai de mim.

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